Everton A. P.
Michel Onfray com o seu último bouquin "Le Crépuscule d’une Idole", reacendeu a discussão acerca do pai da psicanálise. Esta aproximação ou reaproximação de Onfray propôs uma "certa" imagem do autor de "L’Interprétation du Rêve" e de "Le Malaise dans la Culture" . Toda aproximação tem a potencialidade de interpretar e de criar uma imagem do objeto analisado independentemente da sua natureza e é esta imagem do monsieur Freud que está em questão no cenário intelectual francês a partir deste recente lançamento.
Em tempos de afasia intelectual e diante de uma considerável queda na venda de livros na França é plausível conceder o benefício da dúvida à todos aqueles que desconfiam de que o referido livro de Michel Onfray não passa de mais uma jogada editorial com a finalidade de dar um “up” nas vendas, a simplesmente contribuir para um debate autêntico no campo das idéias no que se refere à um dos autores mais polêmicos e comentados dos últimos cinqüenta anos.
A grande questão que se põe não é julgar se estamos diante de uma obra referencial que contribuirá para o avanço das pequisas acerca de Freud ou da psicanálise. A questão ainda não é esta. A questão que se põe é a obrigatoriedade de ler o livro de Onfray. Julgar se o livro é relevante ou não vem a-posteriori, (fato causador do riso de Joconda dos editores).
À defesa de Freud montam fronte Elisabeth Roudinesco de "La Part Obscure de nous-même" e Julia Kristeva autora de "Etrangers à nous-même" . Os temas caros à Freud e à psicanálise, como o inconsciente, a histeria, entre outros, fogem da ordem do dia, ou seja, não formam o cerne da discussão, mas sim saber se o pai da psicanálise foi ou não um egoísta, narcisista, amante da cunhada e da fama a qualquer preço e, acima de tudo, um colabo da gestapo. Enfim qual Freud escolheremos? De qual lado do fronte estaremos? Seremos obrigados a ler o bouquin de Onfray? Pas de l’inconscient, maintenant Il faut de patience.
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