sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago


Everton A. P.


A morte do escritor português José Saramago, nesta sexta-feira, aos 87 anos, é motivo de grande pesar a todos os amantes da literatura contemporânea, sobretudo, para os entusiastas da língua de Camões, língua esta tão bem representada e honrada por Saramago ao longo da sua vasta obra, sempre crítica e provocadora, que, como poucas, foi capaz de problematizar as questões mais caras do imaginário ocidental.

Crítico contumaz da Igreja, ateu confesso, a sua morte deixa aberta uma lacuna no mundo literário que dificilmente será remediada. Saramago foi um desses escritores que facilmente confundimos vida e obra. A escrita foi o seu instrumento para tornar público, ora tacitamente, ora explicitamente os seus valores e críticas no que tange a fé, ao Deus cristão e a Igreja.

Saramago, por meio da sua pena, soube nos dar o benefício da dúvida no que se refere aos valores estabelecidos, mostrando-nos o quanto nossas práticas são terrenas e fabricadas, ou seja, em Saramago não há transcendência ou fuga para outro mundo, a não ser para o mundo possível da literatura. É com grande tristeza que hoje comungamos a morte daquele que já se tinha feito um imortal em vida, José de Souza Saramago.


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