
Em "Poétique du Blanc", Anne-Marie Christin faz provocante análise do branco na expressão cultural do Ocidente
Com a criação da transcrição vernacular pelos gregos e, consequentemente, com o fim da escrituração ideográfica - ou, dizendo mais explicitamente, ideogrâmica - no Ocidente, o branco foi relegado ao ostracismo, recebendo até mesmo o desprezo conceitual de pensadores, como Wittgenstein, que o via tão somente como uma mera transparência. Nas tradições orientais, todavia, o branco nunca perdeu sua essencialidade, sendo inteiramente desconhecida a idéia de ausência que tal cor evoca entre os ocidentais.
Deste esquecimento, Anne-Marie Christin, professora emérita da Universidade Paris-Diderot - Paris 7, nota um equívoco ainda maior que a simples negação de uma realidade pictórica: o banimento da parte visual da escritura, de sua possibilidade de leitura e de seus próprios princípios de funcionamento. Tal fato assume tons trágicos quando vemos, hoje, a disseminação da banalização iconográfica nos mais diversos meios de comunicação e a mediocridade com que o fato imagístico é percebido.
Fundadora de um centro de estudos da escritura e da imagem na própria universidade em que é ligada, Christin é uma grande entusiasta do pensamento iconográfico oriental, notadamente, o sino-japonês, e é recorrendo a ele que, vivamente, tece uma contundente análise sobre a estética do vazio e do intervalo, incentivando a promoção de um olhar mais atento sobre este bem precioso à criação artística em seu sentido mais pleno.
Poétique du Blanc: Vide et Intervalle dans la Civilisation de l´Alphabet
Anne-Marie Christin
Vrin - Essais d´Art et de Philosophie
R$ 126,50
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